Pedidos de autorização para garimpo no Amazonas disparam 342% em 2020

Setor garimpeiro quer transformar 8% do maior estado do Brasil em áreas de exploração mineral, aponta estudo

As requisições para atividades de lavra garimpeira no Amazonas dispararam 342% em 2020 na comparação com a média dos 10 anos anteriores. Os quase 3 mil processos ativos atingem 120,8 mil quilômetros quadrados, o equivalente a 8% do território amazonense ou a quase 10 vezes a cidade de São Paulo.

A conclusão é de um estudo realizado pela Operação Amazônia Nativa (Opan) em parceria com o Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS) e a Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab) publicado na última semana.

Os dados demonstram que o lobby pró-garimpo do governo de Jair Bolsonaro (sem partido) tem contribuído para acelerar a corrida por minérios, suscitando conflitos fundiários e promovendo a destruição dos modos de vida das populações amazônicas.

Pacto entre países onde há Floresta Amazônia vai completar três anos sem apoio ou resultados

Às vésperas do terceiro aniversário de um acordo pela conservação da Amazônia, os países que contam com o bioma em seu território não conseguiram combater sua devastação ou traçar um plano para captar financiamentos internacionais.
A situação da floresta, na verdade, se agravou desde a assinatura, em setembro de 2019, do Pacto de Letícia pela Amazônia, por representantes dos governos de Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Peru e Suriname. Uma pesquisa divulgada em julho por cientistas brasileiros do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) mostrou que alguns trechos da floresta estão emitindo mais gases de efeito estufa do que armazenando, o que pode acelerar ainda mais os efeitos das mudanças climáticas em todo o planeta.

Soluções baseadas na natureza são essenciais para combater mudanças climáticas e a perda de biodiversidade

A conservação de ecossistemas, como áreas florestais, pantanosas ou ocupadas por pastagens naturais, e a restauração de áreas já degradadas são essenciais para enfrentar, conjuntamente, dois dos maiores desafios globais atualmente: as mudanças climáticas e a perda da biodiversidade.
Essas soluções baseadas na natureza são especialmente importantes para serem implementadas no Brasil, uma vez que a maior parte das emissões de gases de efeito estufa (GEE) do país, que impulsionam o aquecimento global, está associada a mudanças no uso da terra, lideradas pelo desmatamento para abertura de áreas de pastagem ou agrícolas. A prática provoca a liberação de gás carbônico armazenado nas plantas e também a fragmentação e perda de hábitats, apontadas como duas das principais causas de declínio de espécies mundialmente.